domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mais uma vez, comando da Câmara ficará com baixo clero

Pela segunda vez em seis anos, um racha no PT vai dar a um deputado oriundo do baixo clero a presidência da Câmara dos Deputados. Na terça-feira, o ex-metalúrgico gaúcho Marco Maia (PT) deverá ser eleito com mais de 400 votos, segundo previsão dos líderes partidários.
Mas, ao contrário do azarão do baixo clero Severino Cavalcanti (PP-PE), que em 2005 venceu dois candidatos petistas no plenário, o racha no PT que beneficiou Maia ocorreu no processo de escolha do candidato. Uma vez escolhido, ele passou a contar com o apoio dos 21 partidos que têm representação na Câmara dos Deputados. Além de Maia, o único deputado que anunciou candidatura é Sandro Mabel (PR-GO), embora sem apoio de sua própria legenda.
Maia conseguiu ser o candidato único da base aliada e da oposição porque teve paciência e tirou proveito das eternas brigas entre as correntes do PT. Sabia que era uma zebra, pois o favorito era o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP).
Sabia também que havia excesso de confiança por parte de Vaccarezza. Tanto é que, pouco antes da reunião que escolheu Maia, Vaccarezza tivera um encontro com seu colega do PMDB, Henrique Eduardo Alves, para assegurar mais uma vez que valia o acordo: agora, o presidente da Câmara seria do PT; daqui a dois anos, entraria um peemedebista.
Vaccarezza chegou a dizer a Alves que, na disputa interna, Maia teria de 15 a 17 votos, Arlindo Chinaglia (SP), cerca de 10, e ele, em torno de 30. O resultado levaria ao segundo turno. Vaccarezza confidenciou a Alves que metade dos votos de Chinaglia iria para ele e metade para Maia. Eram favas contadas.
Ocorre que a Chinaglia se juntaram os deputados Ricardo Berzoini (SP), descontente com as nomeações para o ministério de Dilma Rousseff, e Henrique Fontana (RS), adversários de Vaccarezza. Eles mandaram descarregar os votos em Maia, que venceu e se sagrou candidato. Alves, que havia se comprometido a apoiar Vaccarezza, anunciou que estava ao lado de Maia. Afinal, seu acordo era com o PT, e não com nomes. Encarregou-se então de procurar os partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS - e garantir o apoio deles ao candidato.
Perfil. Aos 45 anos, Maia é um político para o qual a sorte sorri. Era suplente de deputado em 2005, quando assumiu a vaga do titular Ary Vanazzi (PT-RS). Em 2006, reelegeu-se e foi escolhido relator da CPI do Apagão Aéreo. Fez um relatório em cima do muro, no qual livrou toda a diretoria da Anac de qualquer culpa pelo caos aéreo.
Em 2007, o PT acertou com o PMDB um rodízio na presidência da Câmara. Chinaglia foi eleito naquele ano e Michel Temer (PMDB), em 2009. Na montagem da chapa, Maia acabou escolhido para a vice-presidência. Em dezembro, já diplomado vice-presidente da República, Temer renunciou ao cargo e Maia assumiu o posto para o qual deve ser reconduzido na terça-feira.
Fonte: O Estado de São Paulo
31/01

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