quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Continuísmo também é marca dos paranaenses no Congresso

Paraná teve o 2.º menor índice de renovação da bancada em Brasília. Só 36,6% dos que tomam posse hoje são novatos.
Brasília - A legislatura 2011-2015 do Congresso Nacional começa com uma bancada paranaense marcada pelo continuísmo. O estado tem o segundo menor índice de renovação de deputados federais (36,6%), na frente apenas do Rio Grande do Sul (35,48%) e bem abaixo da média nacional (46%). Entre os 30 deputados eleitos pelo Paraná, 11 são novatos e somente 3 (10%) assumem um mandato eletivo pela primeira vez.
Dos 25 que tentaram a reeleição para a Câmara, 19 venceram. A taxa de renovação da eleição de 2010, apesar de baixa na comparação com os demais estados, foi superior à registrada em 2006 (27,7%). As duas cadeiras do Senado em disputa foram renovadas por Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB). Mas os antecessores, Osmar Dias (PDT) e Flávio Arns (PSDB), não participaram do pleito.
Segundo avaliação do Departamento Intersindical de Análise Parlamentar (Diap), o Paraná também perde em qualidade no Congresso. Desde 1994, o órgão faz um estudo anual sobre os 100 parlamentares federais mais influentes. Entre os únicos quatro selecionados como "cabeças" do Congresso no ano passado, só Abelardo Lupion (DEM) permanece - Osmar Dias e o deputado Gustavo Fruet (PSDB) encerram o mandato e Luiz Carlos Hauly (PSDB) se licencia para assumir a Secretaria Estadual da Fazenda.
O coordenador de estudos do Diap, Antonio Augusto de Quei¬¬roz, diz que a dificuldade de renovação, em especial no Paraná, está ligada a três fatores. "Os parlamentares que já exercem mandato possuem uma vantagem comparativa porque já têm o que mostrar. Depois, têm mais facilidade de levantar recursos. Por último, há cada vez menos gente disposta a desgastar a própria imagem entrando para a política."
Para o cientista político Adriano Codato, da UFPR, o que mais pesa é o volume de dinheiro necessário para vencer uma campanha. "Quanto mais caro for o custo para se fazer política no Paraná e no Brasil, menor será a renovação", ressalta. Entre os 33 congressistas paranaenses, 19 gastaram mais de R$ 1 milhão para se eleger.
Pela segunda vez seguida, o cascavelense Alfredo Kaefer (PSDB) teve a campanha mais cara entre os paranaenses. Ele declarou à Justiça Eleitoral ter arrecadado R$ 4,2 milhões - R$ 1,14 milhão a mais do que o segundo no ranking, o novato Edmar Arruda (PSC).
Fernando Francischini (PSDB), João Arruda (PMDB) e Nelson Padovani (PSC) são os únicos deputados eleitos pelo estado que estreiam em mandatos eletivos. Entre eles, só Arruda declarou ao TSE uma campanha milionária: ele gastou R$ 1,8 milhão.
Para o novato Padovani, que declarou ter arrecadado R$ 706 mil, tão difícil quanto conseguir suporte financeiro é quebrar os elos políticos montados pelos que já exercem mandatos. "Durante a campanha, só cinco prefeitos me apoiaram. Agora que eu me elegi, já são 35 fechados comigo."
Já Francischini, que declarou receitas de R$ 607 mil, faz uma crítica parecida. "Esse jogo de toma-lá-dá-cá por recursos é muito ruim. Agora que cheguei até aqui, vou me esforçar para exercer um mandato diferente, me preocupar com grandes temas."
Ponto positivo
A bancada paranaense que toma posse hoje é uma das mais escolarizadas do país. Dos 33 congressistas, 28 (85%) do estado possuem ensino superior completo. No Brasil, a proporção é de 73%.
Fonte: Gazeta do Povo
01/02

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