quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um teste para a habilidade política de Beto Richa

Não pode passar pela cabeça de ninguém que o governador Beto Richa não saiba fazer política. Segundo ele mesmo afirma com frequência, trata-se de uma arte com a qual convive desde criancinha, dentro de casa, observando o pai, José, reconhecidamente um dos maiores políticos da história paranaense. As sucessivas vitórias eleitorais de Beto, derrotando sempre por larga margem poderosos adversários, e os altos índices de aprovação que as pesquisas invariavelmente lhe dão confirmam o fato de que estamos diante de um político bastante hábil.
No entanto, ficam confusas as mentes que partem dessa premissa (verdadeira) para analisar as primeiras semanas de Beto Richa como governador e principal condutor da política paranaense – tantas são as áreas de atrito, defecções e insatisfações criadas no generoso seio político que alimentou sua carreira até o momento. O governador teria perdido o senso? Teria relegado a tarefa de manter a união do grupo a terceiros sem suficiente perícia para manipular os cordéis? Ou o desagrado que tem despertado entre tradicionais aliados seria apenas uma bem elaborada estratégia de afirmação no poder?
Por enquanto, é impossível cravar como correta qualquer das três alternativas. Mas os fatos, que mais se parecem com trapalhadas políticas, registrados nessas duas semanas de governo são os seguintes:
• Prospera na Assembleia uma corrente de deputados que se rebela contra o indicado do governador, o deputado Valdir Rossoni, para a presidência da Casa. A resistência principal se encontra exatamente na base governista. Tanto que o candidato da oposição, deputado Nelson Garcia, é do PSDB, mesmo partido tanto de Rossoni como de Richa.
• As divergências dentro do grupo se tornaram claras com a postura assumida pelo conselheiro do TC Hermas Brandão. Ex-deputado e ex-presidente da Assembleia, é apontado como mentor do movimento rebelde dos deputados. Tudo porque (entre outras razões desconhecidas) Beto nomeou o peemedebista Luiz Cláudio Romanelli para o secretariado e também porque escolheu o desafeto Rossoni para presidir a Casa.
• O desgosto se estende para outro conselheiro do TC, Heinz Herwig, também aborrecido com a falta de coerência política do governador. Não se considera rompido com o governador, mas não esconde suas divergências. Assim como Hermas, Herwig foi um dos primeiros a costurar o lançamento de Beto para o governo, mas agora se sente decepcionado com os rumos que vêm sendo traçados.
• Nomeações para o secretariado e para diretorias de estatais, quer porque os escolhidos são estranhos no ninho ou mesmo vinculados a facções adversárias, fazem brotar decepções e distanciamentos entre velhos companheiros – que se sentem preteridos ou vítimas da escuridão do limbo a que foram lançados. Nesta semana, quando o deputado Nelson Garcia voltar da sua pescaria e confirmar definitivamente sua vontade de ser presidente da Assembleia, é que se vai ter a primeira medida do prestígio do governador.
Fonte: Gazeta do Povo

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