quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Os “melhores” e os “piores” no governo do Paraná

Dia desses o Instituto Paraná Pesquisas, a pedido da Gazeta, mediu o grau de prestígio alcançado pelo governador Beto Richa após duas semanas de administração. Deu que 64% dos curitibanos gostaram do que viram nesse curto período. Este alto índice de aprovação não contrasta substancialmente com todos os demais obtidos por Richa ao longo de seu mandato e pouquinho à frente da prefeitura de Curitiba.
O índice que obteve agora não é muito distante daqueles que foram conferidos, em seus melhores momentos, a todos os governadores que o antecederam. Ney Braga, Alvaro Dias, Requião, Lerner, fossem quais fossem os institutos de pesquisa, como Ibope ou Datafolha, invariavelmente figuraram em posições de ponta.
Parece, portanto, ser uma tradição bem curitibana e bem paranaense aprovar sem maiores questionamentos quem está no poder – seja lá quem for. Todos são “melhores”, desde que começaram as pesquisas de opinião pública. Antes delas, a consciência coletiva se encarrega de colocar os nomes de Bento Munhoz da Rocha, Parigot de Souza e Jayme Canet Jr. entre os bons.
Por tudo, acaba não ficando muito claro na cabeça dos eleitores se o Paraná também não teve “piores” governadores. Entretanto, a memória de quem conhece um pouco da história política do estado pode trazer à cena administradores cujos conceitos, justa ou injustamente, ficaram registrados como negativos.
Os mais velhos, por exemplo, podem se lembrar de Moysés Lupion, que governou o estado por oito anos nas décadas de 40 e 50 do século passado. Foi um dos maiores administradores que o Paraná já teve. Muitas de suas obras ainda resistem. Mas ninguém esquece do que ele teve de pior e que ficou marcado na história.
Outro exemplo de conceito negativo foi o deixado por Haroldo Leon Peres. Bastaram-lhe nove meses no cargo (de março a novembro de 1971), nomeado pelos generais do período mais negro da ditadura, para que sua “obra” ficasse perpetuada na lembrança. O que fez no poder em tão pouco tempo foi suficiente para que os militares se arrependessem da escolha e o obrigassem a deixar o Palácio.
O que havia em comum entre Lupion e Leon Peres que não deve servir de exemplo para seus sucessores? Se ficaram para a história como maus governantes, é preciso identificar o que os levou a tal conceito – coisa que pode ser muito útil para quem está começando o governo agora com nota excelente e para quem almeja governar o estado no futuro.
Mas o que tinham em comum de negativo os dois citados? Vejamos alguns exemplos: ambos nomearam nepotes ou delegaram poderes excepcionais a amigos, que se aproveitaram da condição para promover o próprio enriquecimento ou do grupo. Ambos, direta ou indiretamente, meteram-se em interesses negociais particulares. Leon Peres – para citar um caso concreto – caiu exatamente por causa de suas conversas não republicanas (gravadas) com um poderoso empreiteiro. Ambos desprestigiaram tradicionais aliados ou correligionários...
Fizeram tudo quanto um governante não pode fazer.
Fonte: Gazeta do Povo

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