terça-feira, 8 de março de 2011

Novo diretor teve ligação com Curi e Bibinho

O novo diretor-geral da Assembleia Legislativa, Benoni Constante Manfrin, apresentado ontem pelo presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), como um dos responsáveis pela moralização da Casa, teve ligações próximas com alguns dos personagens centrais do escândalo que se abateu sobre o Legislativo paranaense durante o ano passado.
Manfrin, que é empresário, foi o coordenador da campanha do deputado estadual Alexandre Curi (PMDB) em Curitiba em 2006. Como primeiro-secretário da Assembleia, Curi assinou vários dos atos contestados pelo Ministério Público depois das denúncias feitas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV na série Diários Secretos.
Manfrin admitiu a proximidade com Curi. “[A relação com o deputado] é boa, mas não estamos de amores”, disse.
O novo diretor-geral também teria sido o responsável pela contratação do taxista Eduardo José Gbur como cabo eleitoral da campanha de Curi. O nome de Gbur constava na lista de funcionários da Assembleia Legislativa do Paraná até março do ano passado, quando teve início a série de denúncias. Ele também aparecia na prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2006 pelo parlamentar.
De acordo com o relatório levado à Justiça Eleitoral, Gbur recebeu R$ 700 por mês do comitê em agosto e setembro daquele ano. No mesmo período, segundo dados da ficha funcional na Assembleia, ele continuava como servidor público do Legislativo, com salário de R$ 17,5 mil.
Na ocasião, Curi disse que não conhecia o taxista e que ele tinha sido contratado pela coordenação da campanha. Manfrin declarou na época que a indicação do nome de Gbur teria sido feita por Ed Abib, irmão de Abib Miguel, o Bibinho. Ex-diretor-geral do Legislativo, Bibinho é denunciado pelo Ministério Público como o comandante do esquema de contratações de funcionários fantasmas e desvio de dinheiro na Assembleia.
Ontem, para a reportagem da Gazeta do Povo, Manfrin confirmou que comandou a campanha do Curi, mas disse que a indicação do taxista foi mesmo do Ed Abib, ainda que não diretamente para ele. Manfrin explicou que sua relação com Abib começou quando ele foi secretário municipal de Governo. Seu trabalho envolvia conversar com vereadores e, na época, Ed Abib era vereador.
Valdir Rossoni saiu em defesa de seu novo diretor e de todos os nomes empossados ontem. “Foi feito um levantamento da vida dos novos diretores e não foi encontrado nada que desabonasse”, garantiu. E desmentiu Manfrin, quanto à proximidade com o ex-primeiro secretário. “Houve um rompimento [do novo diretor com Curi]. Não há mais nenhum vínculo”, disse Rossoni.

Histórico
Manfrin já esteve ao lado de diversos grupos políticos. Foi assessor especial no governo de Jaime Lerner e subchefe da Casa Civil. Depois, foi consultor técnico e chefe de gabinete do ex-secretário da Fazenda Giovani Gionédis, também durante o governo Lerner.
Em 2001, Manfrin se tornou secretário de Governo da prefeitura de Curitiba durante a gestão de Cassio Taniguchi, atual secretário de Planejamento no governo Beto Richa (PSDB).
Durante a campanha de sucessão de Taniguchi, disputada entre o então vice-prefeito Beto Richa e o deputado Angelo Vanhoni (PT), Manfrin teve atuação polêmica. Como presidente do PSC, um dos partidos que integravam a aliança de apoio a Vanhoni, o novo diretor-geral da Assembleia foi apontado como suposto artífice da gravação de um vídeo de denúncia.
A gravação mostrava uma suposta tentativa de suborno eleitoral de um aliado de Beto Richa a um militante do PMDB que apoiava Vanhoni. O então coordenador da campanha de Beto à prefeitura de Curitiba, Fernando Ghignone, disse que o caso foi uma “armação e uma farsa”.
Fonte: Gazeta do Povo
03/02

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