terça-feira, 8 de março de 2011

Indicação de Meirelles gera nova cizânia, agora no PCdoB

São Paulo - A indicação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para comandar a Autoridade Pública Olímpica (APO) surpreendeu a cúpula do PCdoB, partido do ministro do Esporte, Orlando Silva. Dirigentes da legenda, que esperavam poder escolher um nome para o cargo, souberam da notícia através da imprensa e até agora não foram comunicados oficialmente sobre a suposta decisão da presidente Dilma Rousseff. Mesmo contrariado com a decisão, o partido ainda negocia cargos com o Planalto e, por essa razão, prefere não questionar a indicação do ex-presidente do BC.
“Não quero precipitar nada, estamos ainda em negociação com o governo para o segundo escalão”, afirmou Renato Rabelo, presidente do partido. Rabelo admitiu que a perda de poder da legenda no ministério gerou um descontentamento entre os comunistas, mas ressaltou que o partido ainda pode ampliar sua participação no governo Dilma. “Perdeu um espaço, mas pode ganhar outro”, sintetizou.
O dirigente disse que a presidente se reuniu com o ministro Orlando Silva na sexta-feira passada, quando discutiram projetos da APO, mas em nenhum mo¬¬mento o nome de Meirelles foi mencionado.
Nos bastidores do partido, o nome de Meirelles incomoda porque, além de não ter passado pelo crivo do ministro do Esporte ou do partido, os comunistas nunca aprovaram sua gestão à frente do BC. Além disso, o partido se sente desprestigiado por ter a APO separada da sua pasta. “A APO ficaria na esfera de quem cuida da política de esporte do país. A expectativa era de que ficasse no âmbito do Ministério do Esporte”, reclamou um dirigente da sigla
Caso o nome de Meirelles seja confirmado pela presidente, entretanto, o partido não deverá oferecer resistência. “Não é nosso papel inviabilizar a nomeação do Meirelles. Temos a capacidade de conviver institucionalmente com qualquer gestor público, afinal temos uma Olimpíada para fazer”, afirmou o secretário nacional de Comunicação do PCdoB, José Reinaldo Carvalho.
O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que também viu “essa notícia pela imprensa”, apoiou a posição do secretário do partido. “Vamos saber compreender a presença do Henrique Meirelles. É uma decisão presidencial e isso tem de ser respeitado”, resignou-se. Protógenes destacou que é preciso se acostumar com o estilo reservado da presidente no trato com os aliados, diferente do estilo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Esse é o perfil da Dilma. Nenhum governo é igual ao outro”, afirmou.

Insatisfação
Em reunião da executiva do PCdoB na sexta-feira passada, os líderes discutiram o “hegemonismo” do PT no governo federal. “O PT tomou conta do governo de uma maneira absoluta”, protestou um dirigente.
Os dirigentes defenderam a elevação do salário mínimo para R$ 580 e criticaram a “postura intransigente” do governo em deixar o mínimo em R$ 545. Eles também desaprovaram a política de juros do Banco Central, a “supervalorização” cambial e a política de ajuste fiscal.
Fonte: Gazeta do Povo
04/02

Nenhum comentário:

Postar um comentário