quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sete pessoas detidas por suspeita de desvio de cargas são liberadas

Sete das dez pessoas que foram presas preventivamente durante a Operação Dallas, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última semana, foram soltas no domingo (23). De acordo com a assessoria de imprensa da PF, as liberações ocorreram porque o período de prisão preventiva havia terminado. A PF não informou quem foram as pessoas liberadas.
Entre as três pessoas que permanecem presas, está o ex-superintendente do porto Daniel Lúcio Oliveira de Souza. O juiz Marcos Josegrei da Silva, de Paranaguá, considerou que ele poderia atrapalhar o andamento das investigações.
Souza e os outros detidos são acusados de fazer parte de uma quadrilha que promoveria, entre outras práticas delituosas, o desvio de cargas a granel. Segundo a investigação, o desvio de granéis era feito de três formas diferentes. O primeiro “modelo” tem a participação de operadores portuários e consiste na manipulação do software que controla a balança usada na pesagem das cargas embarcadas. Com a adulteração, os navios recebiam volumes 1% menores do que o comprado pelos importadores. Em uma variação do esquema, eram desviados produtos diretamente das esteiras Dallas, que levam a carga para os navios e deram o nome para a operação. A terceira modalidade era a retenção do volume extra de 0,25% enviado pelos exportadores para compensar possíveis perdas, as “quebras”, que ocorrem durante a movimentação do carregamento.
O delegado-chefe da Polícia Federal em Paranaguá, Jorge Luiz Fayad Nazário, explicou que o material desviado era revendido para um receptador em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e era transportado com notas fiscais frias. Ele explicou, porém, que não foi determinada a prisão desse receptador, que não teve o nome divulgado, porque os policiais acreditam que ele não sabia do esquema.
Segundo o delegado, a investigação começou depois de importadores europeus reclamarem da frequência com que o volume das cargas saídas do Porto de Paranaguá era menor do que o contratado. “A soja saída do Paraná estava sendo comercializada com um valor inferior porque as pessoas estavam tendo descrédito ao exportar soja por aqui”, declarou.
A investigação começou no fim de 2009 e, depois do esquema revelado, a alfândega da Receita Federal dentro do Porto de Paranaguá determinou normas mais rígidas para a movimentação de grãos dentro dos terminais, por meio da Portaria n.º 57, publicada em agosto de 2010. Entre as exigências estava a instalação de câmeras para acompanhar, inclusive à noite, a circulação e a armazenagem de mercadorias dentro dos terminais.
Propina
Gravações telefônicas feitas pela PF durante a investigação também revelam que o ex-superintendente do Porto de Paranaguá Eduardo Requião de Mello e Silva, irmão do senador eleito e ex-governador do estado Roberto Requião, seria o principal beneficiário de um suposto esquema que renderia propina de U$S 5 milhões (quase R$ 9 milhões) na licitação para a compra de uma draga vinda da China. As interceptações ainda apontam indícios de que Eduardo Requião mantinha em casa grande volume de dólares sem comprovação de origem, além de fazer remessas para o exterior.
Segundo os documentos, o ex-superintendente Daniel Lúcio de Oliveira de Souza fala que Eduardo Requião, citado nas conversas como “Crocodilo”, receberia US$ 2,5 milhões (R$ 4,2 milhões) em propina caso a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) comprasse a draga da empresa Global Connection. A outra metade da propina, segundo documento da PF, seria dividida após a conclusão da licitação. Dois dos supostos beneficiários seriam o empresário Luís Guilherme Gomes Mussi, ex-assessor especial do governo e segundo suplente do senador Roberto Requião, e Carlos Augusto Moreira Júnior, que foi chefe de gabinete do ex-governador, disputou a prefeitura de Curitiba em 2008 pelo PMDB e é ex-reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Fonte: Gazeta do Povo

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