terça-feira, 25 de janeiro de 2011

'A candidatura se tornou uma prioridade de Estado'

O candidato brasileiro à direção-geral da FAO, hoje chefe da seção sul-americana da organização, com sede no Chile, José Graziano, começa sua campanha na próxima semana. Vai a Adis Abeba, na Etiópia, para a Cúpula dos Países Africanos.
Como surgiu sua candidatura?
Quando Jacques Diouf (atual presidente da FAO) esteve no Brasil, no ano passado, ele contou ao presidente Lula que não iria se candidatar à reeleição. O presidente disse então que o Brasil tinha interesse em apresentar o candidato, mas só o faria depois das eleições, porque queria que fosse um candidato do governo brasileiro, não seu. E foi isso que aconteceu. Ele conversou com a presidente Dilma, eu conversei com ela duas vezes, também me reuni com o ministro Patriota. A candidatura se tornou prioridade de Estado. Para a diplomacia é a primeira prioridade do novo governo.
O seu principal adversário deve ser o ex-chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos. Qual sua avaliação dessa disputa?
Nós só saberemos a lista oficial de candidatos no dia 8 de fevereiro. Até lá isso é sigiloso. Já ouvi que há a disposição do ex-chanceler em se candidatar. Mas em 2004 a Espanha, França, Alemanha e Chile, junto com o Brasil, formaram um grupo para encontrar recursos e mecanismos inovadores de combate à fome. Seria algo inesperado ter um candidato desses países contra uma candidatura brasileira. Até porque o Brasil já fez o anúncio da candidatura.
Uma das grandes discussões na FAO é sobre os subsídios dos países ricos a sua agricultura. Os países concordam que apoiar a agricultura familiar é um dever, dada a condição de fragilidade das famílias. O que se condena é a distorção, o dumping, o subsídio para exportação. Há muita pressão para que os países desenvolvidos reduzam seus subsídios para exportação. Não os subsídios em geral, mas as barreiras de importações. Esses subsídios dados para exportação poderiam ser usados como ajuda internacional.
Fonte: O Estado de São Paulo

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